sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Primeira Postagem: Entrevista na BSH e aula de Gestão do Meio Ambiente...

Vou ver se consigo ter saco para construir um Blog com as notícias aqui da Espanha.
Tentarei fazer um diário com fotos e notas rápidas contando um pouco do que tenho vivido.

Então: vamos nós! Por ordem "decrescente" de proximidade.

Ontem, continuando a busca por estágios intensificada nos últimos dias, fui numa entrevista na BSH (bê ésse átche - como boa pronúncia castellana dos cantábrios). Uma empresa dita Alemã, mas que é mais uma dessas empresas sem território, que produz eletrodomésticos de marca própria e para algumas outras empresas (Siemens, Bosch... pelo que eu entendi).

O gerente que me entrevistou pareceu ser uma pessoa bem atenciosa. Me explicou como funcionaria o trabalho e me levou para visitar as instalações, o "chão da fábrica".

O estágio seria na área de "prensas", moldagem de componentes metálicos para os eletrodomésticos. Nesse setor da fábrica existiam poucas máquinas com alta adaptabilidade (o clássico esquema toyotista). Para quem nunca entrou numa fábrica "moderna", não há muita diferença conceitual entre uma fábrica de peças para automóveis, de cadeiras ou de fogões. Todas moldam "chapas metálicas" do mesmo jeito. Acho até que utilizam as mesmas máquinas...

O meu principal trabalho consistiria em coletar dados de um sistema (feito pela SAP, pra variar) de controle de produção de máquinas-homens e transportar para uma planilha eletrônica. Da planilha eu deveria construir gráficos de rendimento, utilização, desperdício, etc.. Na verdade não teria que construir nada, o modelo da planilha já estava pronto. Bastaria apenas ler dados impressos em papel e imputá-los na planilha eletrônica.

Isso mesmo, vocês não erraram a leitura, eles imprimiam em papel os dados que já estavam estruturados em tabelas. Depois pediam para uma pessoa "minerar" os dados e voltar a colocá-los - agora na mão-grande - numa tabela estruturada em uma planilha eletrônica, com a cara diferente do apresentado pelo programa. Um trabalho desnecessário, já que bastava solicitar a SAP que criasse algo que exportasse os dados (ao invés de imprimir milhares de folhas de papel ao dia, em diversas fábricas pelo mundo) de uma determinada maneira e já produzir as planilhas e gráficos que eles necessitavam. Ajudei Nei na construção de uma planilha na FIEB (Iel/GTI) que fazia isso. E olhe que não entendíamos quase nada de planilhas eletrônicas...

A dúvida: pra que usar um sistema informatizado que colhe dados precisos das máquinas (o SAP da BSH), mas você precisa fazer os controles na mão?! Puta que pariu! Eles devem ter seus motivos... Mas é nessas horas que vejo que esses sistemas só tem gogó! Antes contratar a Colivre (www.colivre.coop.br) pra fazer uma coisa simples que funcione!

Em suma, voltando, o trabalho era aquele esquema do início do século XX, estudo e controle dos "tempos e movimentos". Coletando horas improdutivas, horas produtivas, horas de reparo de peças defeituosas, desgastes de máquina... Algo um pouco mais refinado (intensivo) do que o representado por Carlitos, mas estruturalmente idêntico.

Depois de visualizar as linhas e células produtivas (altamente pedagógico pra quem estuda administração, heuaheauehau) ele (o gerente) conversou sobre as condições e horários do estágio. Perguntei sobre o valor da bolsa e ele disse que não sabia, que isso era com o setor de pessoal (a noite descobri que ele sabia, segundo minha companheira de apartamento que, por coincidência, estagia no mesmo lugar e me falou que viu meu currículo em cima da mesa do chefe). Depois perguntei sobre as férias de "navidad", porque eu já tinha viagem marcada desde o dia 12. Ele olhou no calendário e viu que eu "faltaria" apenas uma semana, que achava que não teria problema, mas teria que consultar o tal do setor de pessoal para me passar uma informação consistente.

Pediu que eu voltasse no dia seguinte (hoje) para fechar o contrato e ver as papeladas.

Saí da fábrica relembrando todo meu curso de ADM. Minhas primeiras aulas de introdução à essa tal "arte, ciência, ideologia ou como quer que cada um queira entender" (não quero procurar brigas na primeira postagem). Lembrei da experiência de Hawthorne, de Chaplin em Tempos Modernos, da Hierarquia das Necessidades de Maslow, de Casa-Grande & Senzala, dos Engenhos de Cana, de Tragtenberg em "Administração , Poder e Ideologia", de João Bernardo, da desconcentração industrial, da globalização dos modos de exploração, das minhas aulas de Estruturas e Funções do Estado e como o Estado, onde quer que eu tenha visto, constrói as estruturas que permitem a extração da tal da mais-valia... Enfim, o caminho era longo e vou parar por aqui. hehehe A fábrica ficava em Peña Castillo, uma zona industrial a 30 minutos - em buzu - de onde moro.



Já que tenho que pegar 2.

Cheguei a conclusão de que aquele esquema não era pra mim; mesmo tendo curiosidade de ter uma experiência "chão-de-fábrica-peão-capataz" que ainda não tive.

Fora as questões intrínsecas ao trabalho na fábrica, eu ainda iria perder a única aula que realmente vale a pena na universidade: a aula de Gestão do Meio Ambiente. Uma aula da porra, apesar de parecer geografia de ensino médio mais aprofundada.

Hoje acordei e não fui fechar as papeladas!

Mas já que falei da aula de Meio Ambiente, comento um pouco mais...
A disciplina é dada por 4 professores de diferentes áreas do conhecimento (Geógrafo, Biólogo, Economista e Administrador - se não me falha a memória). A sala começou cheia, mas já está com meia-dúzia de gatos pingados.

Como é costume por aqui no curso de ADM (apesar de pessoas de economia também pegarem essa disciplina), as pessoas não freqüentam as aulas, não lêem os textos, nem se interessam em discutir nada mais profundamente com os professores. Nada muito diferente do Brasil, mas aqui "discussão com o professor" é uma oração que não existe para a maioria dos estudantes. Excetuando-se alguns brasileiros e italianos teimosos.

Bom, vou nessa.
Em breve escrevo algo contando das viagens que fiz para o Marrocos Mhamid (cheguei perto da Argélia)




e para o Caminho de Santiago (confiram a rota)




O frio aqui em Santander está começando a apertar. Mas vou treinando para pegar o frio em Praga... Lá eu sei que a espinha vai doer.

5 comentários:

Anônimo disse...

Fala Gabi,
Fiquei curioso como o nome, qual foi a inspiração?
Legal sua experiência, estou viajando com você...
Espero que vc encontre um estágio que seja um pouco mais inspirador e que ajude na grana.
Grande abraço,
Tio Gall

Anônimo disse...

Que delícia esse post Babi!!! Super informativo, cultural... É sempre bom ter notícias suas!!!
Fiquei muito feliz em ver que vc está bem, está feliz e como sempre ávido por conhecimento e amadurecimento.

Um grande beijo!!!

Saudades,

Ninha.

Anônimo disse...

Gabi,

Aquelas planilhas construídas para o PECB salvaram nossa vida, porque aqui esse "sistema" nunca sai rsrsrs! Que a SECTI não leia esse blog kkkk

Conta mais da experiência com a disciplina...tenho grande interesse em fazê-la por aqui.

Um grande abraço
Lu

laisoares disse...

aaaaaiiii
adoro blog!! novelinha!! =))
siga contando... seguirei bizoiando...
beijão peste, te cuida!!

flor de capim disse...

fala camaradinho. eu aqui dando minha olhadela pra tentar curtir o clima de uma viagem. procupada com meus futuros gostar. e medrosa com meus possíveis deixar. ai.